O que é o espiritismo?
O espiritismo é uma ciência filosófica de consequências
morais. Como ciência, investiga os factos espíritas. Como filosofia explica-os.
Como ética dá-nos um roteiro moral para as nossas vidas. Pode-se definir como
sendo a ciência que estuda a origem, natureza e destino dos espíritos, bem como
as relações existentes entre o mundo espiritual e o mundo corpóreo.
O espiritismo (ou doutrina espírita) foi codificado por um
professor francês de meados do século XIX: Allan Kardec.
Esta doutrina surgiu como resultado de muitos estudos feitos
por esse homem que, de início, não acreditava na comunicação dos espíritos.
Espiritismo - princípios fundamentais:
- Existência de Deus
- Imortalidade da alma (ninguém morre, apenas deixamos o
corpo físico)
- Comunicabilidade dos espíritos (através da mediunidade -
capacidade que algumas pessoas têm de comunicar com o mundo dos espíritos)
- Reencarnação
- Lei de causa e efeito
- Pluralidade dos mundos habitados
A doutrina espírita, ou espiritismo, baseia-se em factos e
não foi criação de um homem: é resultado de anos e anos de estudo metódico.
Hoje, percebe-se que tem muito para dar à humanidade.
Os 5 livros fundamentais para conhecer o espiritismo,
resultado desse estudo, são: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O
Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Génese.
Não confunda espírita (o adepto do espiritismo) com médium
(pessoa que tem capacidade de comunicar com o mundo dos espíritos), nem espiritismo
(doutrina de tríplice aspecto: ciência, filosofia e moral) com mediunismo (mera
prática mediúnica).
Um médium
pode ser espírita, como pode ser ateu, católico, protestante, etc. Um espírita
pode ter ou não mediunidade. Então mediunidade é uma característica comum na
humanidade que o espiritismo também utiliza (à semelhança de outras doutrinas)
para comunicar com o mundo dos espíritos.
O Livro dos Espíritos
PARTE SEGUNDA
Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
CAPÍTULO I
DOS ESPÍRITOS
1. Origem e natureza dos Espíritos. - 2. Mundo normal primitivo. - 3. Forma e ubiquidade dos Espíritos. - 4. Perispírito. - 5. Diferentes ordens de Espíritos. - 6. Escala espírita. - 7. Progresso dos Espíritos. - 8. Anjos e demônios.
Origem e natureza dos Espíritos
76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.”
NOTA - A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.
77. Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?
“Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois que somos obra Sua.”
78. Os Espíritos tiveram princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?
“Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação Sua e se acham submetidos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável. Quanto, porém, ao modo porque nos criou e em que momento o fez, nada sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.”
79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?
“Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.”
80. A criação dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos?
“É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar.”
81. Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?
“Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela Sua vontade. Mas, repito ainda uma vez, a origem deles é mistério.”
82. Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?
PARTE 2ª - CAPÍTULO I
“Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.”
Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não compreende as idéias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação.
83. Os Espíritos têm fim? Compreende-se que seja eterno o princípio donde eles emanam, mas o que perguntamos é se suas individualidades têm um termo e se, em dado tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se dissemina e volta à massa donde saiu, como sucede com os corpos materiais. É difícil de conceber-se que uma coisa que teve começo possa não ter fim.
“Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. Isso, porém, não é razão para que as repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.”

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