quarta-feira, 28 de dezembro de 2016



"Muito para além do que pensou Freud, a verdadeira causa do crescente “mal-estar na civilização” é o vivermos muito aquém da nossa verdadeira natureza e das nossas mais fundas potencialidades internas. É dessa profunda privação, bem como do seu não reconhecimento, que vem o desejo compensatório e compulsivo de prosperar e realizar todo o tipo de desejos no mundo material exterior. É por vivermos muito abaixo das nossas profundas potencialidades espirituais que acabamos por desejar viver muito acima das nossas reais possibilidades materiais, tornando-nos escravos-responsáveis do sistema capitalista de produção e consumo que explora e gere esta nossa vulnerabilidade, com todas as consequências a nível social, económico, ambiental e político que configuram a mais visível crise em que nos encontramos. Mas esta crise externa é apenas o efeito de uma crise interna, de natureza espiritual, e não pode ser superada sem que esta o seja. De outro modo, continuaremos a combater sintomas em vez de irmos à sua origem, que é o que têm feito desde há séculos as tentativas de mudança meramente social, económica e política, cuja história é o currículo dos seus fracassos e, muitas vezes, do trágico agravamento dos problemas que tentaram resolver." - Paulo Borges, "A verdadeira causa do nosso mal-estar", in Quem é o meu Próximo?, ensaios e textos de intervenção por uma consciência e uma ética globais e um novo paradigma cultural e civilizacional, Lisboa, Edições Mahatma, 2014, p.117.

A filosofia está a esgotar-se, pelo afastamento da vida e de outras possibilidades do espírito. A filosofia deixou em geral de ser um modo de vida integral, como nas escolas filosóficas gregas e indianas, para se tornar uma actividade meramente intelectual, com uma linguagem técnica hiper-especializada em questões estéreis, que nada dizem às fundamentais aspirações humanas. Essa filosofia traiu a própria vocação, enquanto amor da sabedoria, do saber/sabor da essência da vida. - Paulo Borges
Vítimas da perda da simplicidade e da multiplicação de necessidades artificiais e desejos fúteis, (…) passamos a vida a fugir do instante presente e de nós próprios, buscando, freneticamente, no exterior e em mil ocupações voltadas para a aquisição e a competitividade, a paz e a felicidade que só podemos encontrar no interior, na generosidade e na cooperação. Sucumbimos numa “sociedade do cansaço”, onde os sintomas de ansiedade, stress, depressão, défice de atenção, esgotamento, mal-estar, comportamento antisocial e falta de sentido para a vida crescem a um ritmo galopante (com imensos custos sociais e públicos, o que faz disto uma questão política central). Somos uma civilização doente, numa crise terminal, por mais distracções, estímulos e prazeres fugazes que todos os dias se inventem para abafar os sintomas, preservar os poderes políticos e aumentar os lucros da banca e das corporações. – Paulo Borges

O cair da tarde exalta a efemeridade do mundo.” (Paulo Borges)

Se muito te apegas a ser o que transitoriamente és prepara-te para muito te atormentar o teres de o abandonar. (Paulo Borges) 

Uma juventude indolente (…) e conformista, a arrastar-se de prazer medíocre em prazer medíocre, (…) sem saber nem querer saber de nada. (…) A dormir a vida até tarde na cama, embasbacada em frente à televisão, aos jogos hipnóticos e ao mundo virtual, arrastada por cafés, bares e discotecas. A matar o tempo (…) em cigarros, bejecas, copos e conversas fúteis, trapos com marca, namoros e engates vãos, abanar dos capacetes, pedradas broncas e sexo obtuso. (…) E tudo para ela se organiza: a cultura dos mil e um espectáculos, festivais, concertos e distracções. Para o prazer e ócio bacocos de uma juventude mais velha do que a desprezada terceira idade. Já a feder de putrefacta. (…) Pão e circo, pão e circo! Futebol, discotecas e festivais! (…) Para que mais jovem algum se lembre de querer mudar o mundo e a si próprio. (…) Para que os governos e carcereiros do mundo respirem sossegados. (Paulo Borges, in Línguas de Fogo, pág. 215)


Os monstros mostram quão monstruoso é mostrar-se. Os monstros mostram o que na ausência de monstruosidade se oculta. (Paulo Borges)

Camões cantou, na Ilha dos Amores, a redenção do mundo pela conformidade do masculino e do feminino, a plenitude do amor sensual e sexual, pela qual se abre a divina visão: “(...) Coisas que nos foram dadas não para ser amadas, mas usadas (...)” - Paulo Borges

A filosofia está a esgotar-se, pelo afastamento da vida e de outras possibilidades do espírito. A filosofia deixou em geral de ser um modo de vida integral, como nas escolas filosóficas gregas e indianas, para se tornar uma actividade meramente intelectual, com uma linguagem técnica hiper-especializada em questões estéreis, que nada dizem às fundamentais aspirações humanas. Essa filosofia traiu a própria vocação, enquanto amor da sabedoria, do saber/sabor da essência da vida. - Paulo Borges


Só passo a mensagem que ninguém quer ouvir. A começar por mim. (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 151)

Procuro cumprir o dever de todos nós: sermos testemunhas conscientes e críticas, mas nunca amargas, das vãs ilusões do mundo, reconhecendo-as primeiro que tudo em nós mesmos. (Paulo Borges)

O tormento da ave, a quem privaram do voo livre, (…) para a meterem numa gaiola, só para o estúpido e inconsciente prazer de contemplarem a beleza aprisionada, (…) de se deleitarem escutando o choro e os lamentos do seu trinar. – Paulo Borges, in Línguas de Fogo

Infância mal vivida, no desejo de crescer, ser grande, estimulado por todos à volta: pais, parentes, professores e amigos. Apressados em fazer da criança alguém. (…) Alguém cedo ou tarde frustrado, aborrecido, cansado e triste. E mentiroso, a dizer (…) que está tudo bem. Como eles. – Paulo Borges, in Línguas de Fogo, pág. 213

O medo e a chucha, que nunca se largam. Toda a vida. A chucha transformada em brinquedos, relações, sexo, família, carreiras, casas, carros. – Paulo Borges, in Línguas de Fogo, pág. 211

Gente que vota e se abstém, gente que espera, desespera e volta a esperar dos políticos, que vão sempre mudar o que todos, no fundo, sabem que não podem e não querem, porque na verdade quase ninguém quer, que algo real e fundamentalmente mude. E a ilusão a reproduzir-se, como as crianças que a toda a hora nascem, (…) filhos dos casais fartos de o serem, que só continuam por causa deles. Deles e do medo de estarem sós, do medo de si. (…) Crianças que se tornam jovens que se tornam velhos que se tornam crianças que se tornam velhos. (…) Sem darem por isso. Sempre a desejarem o que não têm. (…) A consumirem-se em experiências e posses e relações e jantares e festas e férias e viagens em que ninguém está bem, porque estão todos a fazer por isso. (Paulo Borges, in Línguas de Fogo, pág. 136)

Fazem currículos à custa de santos, sábios, poetas e heróis os que se demitem de o ser.  (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 21)

Camões cantou, na Ilha dos Amores, a redenção do mundo pela conformidade do masculino e do feminino, a plenitude do amor sensual e sexual, pela qual se abre a divina visão: “(...) Coisas que nos foram dadas não para ser amadas, mas usadas (...)” - Paulo Borges, A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 9

As expectativas dos séculos XIX e XX de progresso ilimitado da humanidade (…) deram lugar à evidência de que a evolução científico-tecnológica e o crescimento económico não foram acompanhados por uma evolução ética e da consciência, originando um mundo onde a violência, o sofrimento e a destruição atingem proporções inéditas.
(…) Perante isto, sente-se cada vez mais a urgência de uma mudança global das consciências, sem a qual as reformas jurídicas, políticas e económicas se revelam sempre instáveis e superficiais. E para essa mudança parece inequívoca a necessidade de desenvolver o potencial afectivo do ser humano, promovendo o alargamento da empatia, do amor e da compaixão para além do círculo das relações mais imediatas. (…) - Paulo Borges

"Muito para além do que pensou Freud, a verdadeira causa do crescente “mal-estar na civilização” é o vivermos muito aquém da nossa verdadeira natureza e das nossas mais fundas potencialidades internas. É dessa profunda privação, bem como do seu não reconhecimento, que vem o desejo compensatório e compulsivo de prosperar e realizar todo o tipo de desejos no mundo material exterior. É por vivermos muito abaixo das nossas profundas potencialidades espirituais que acabamos por desejar viver muito acima das nossas reais possibilidades materiais, tornando-nos escravos-responsáveis do sistema capitalista de produção e consumo que explora e gere esta nossa vulnerabilidade, com todas as consequências a nível social, económico, ambiental e político que configuram a mais visível crise em que nos encontramos. Mas esta crise externa é apenas o efeito de uma crise interna, de natureza espiritual, e não pode ser superada sem que esta o seja. De outro modo, continuaremos a combater sintomas em vez de irmos à sua origem, que é o que têm feito desde há séculos as tentativas de mudança meramente social, económica e política, cuja história é o currículo dos seus fracassos e, muitas vezes, do trágico agravamento dos problemas que tentaram resolver."
 - Paulo Borges, "A verdadeira causa do nosso mal-estar", in Quem é o meu Próximo?, ensaios e textos de intervenção por uma consciência e uma ética globais e um novo paradigma cultural e civilizacional, Lisboa, Edições Mahatma, 2014, p.117.

Somos, cada vez mais, uma sociedade infantilizada, de costas voltadas para a sabedoria, ou a sua busca. (…) Em Portugal, ou no mundo, são sempre os mesmos que ganham: a indústria do entretenimento, ao serviço do sistema - mais rentável e mais eficaz do que a repressão violenta. - Paulo Borges

A sociedade é certamente uma produção em série de idiotas. (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 119)

O nosso drama é temermos o destemor. (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 83)

Rejeitas algo como “complicado” porque o é ou porque “complica” a tua busca de facilidades? (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 57)

O sol é encoberto num céu de tempestade como a natureza livre da mente no tumulto das emoções e dos pensamentos.
(Paulo Borges)

Procuro cumprir o dever de todos nós: sermos testemunhas conscientes e críticas, mas nunca amargas, das vãs ilusões do mundo, reconhecendo-as primeiro que tudo em nós mesmos. (Paulo Borges)

Tudo o que não pode ser dito em poucas palavras é falso, dissimulado ou superficial. (Paulo Borges)

Cremos que os outros se perdem quando os julgamos longe ou a afastar-se das convicções que são a nossa âncora, prisão e perdição! (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 64)


Em relação aos acontecimentos do Charlie Hebdo, deixo aqui este pensamento de Paulo Borges, que penso ser a chave para resolver este problema dos nossos tempos:
"Para mim o humor tem limites, tem os limites do amor e da compaixão."

A liberdade só é livre quando se exerce com sabedoria, amor e compaixão.
(…) Livre é quem faz o que quer, mas apenas quando a vontade é movida por sabedoria, amor e compaixão, ou seja, pela consciência fraterna e activa do que é melhor fazer para o bem de todos a cada instante, em função de cada situação e circunstâncias concretas. (Paulo Borges)

Os entediantes filósofos (…) não pensam o sentido profundo dessa aspiração de quase todos os seres humanos (…), que move o mundo: um grande beijo, um grande amor, a plenitude na união sexual, a grande embriaguez de nos devolvermos ao todo e ao infinito! (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 93)

Os olhos dos mortos cintilam na pupila dos vivos. (Paulo Borges, A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 45)

Não há verdadeira liberdade senão como libertação. (Paulo Borges)

Os monstros mostram quão monstruoso é mostrar-se. Os monstros mostram o que na ausência de monstruosidade se oculta. (Paulo Borges, A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 45

Só passo a mensagem que ninguém quer ouvir. A começar por mim. (Paulo Borges)

Deves ler, reflectir e meditar sobre tudo o que mais se oponha ao que julgas ser, fazer, pensar e amar. (Paulo Borges)


Cada via é a melhor para aquele que a segue. (…) Quanto mais se avança mais ela desaparece. (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 121)

A espiritualidade não carece de cultura. A cultura carece de espiritualidade. (Paulo Borges)


O instinto gregário, a busca da segurança de pertencer a um grupo, ou, dito de forma mais prosaica, o espírito de rebanho, é muito forte na humanidade. Mesmo nesta época pós-moderna, em que todos se julgam donos e senhores das suas opiniões e ideias próprias, em que todos presumem “pensar por si”. O que não deixa de ser a confirmação desta tese, pois todos pensam o mesmo, contradizendo assim aquilo que pensam. E isto manifesta-se em tudo, sobretudo na necessidade visceral de pertencer a um grupo ou a uma tribo, com uma determinada identidade e um determinado totem, seja cultural, nacional, político ou religioso (pode ser também uma “causa”). E de o absolutizar, pois cada ego em busca de refúgio da sua (…) solidão tem dificuldade em admitir que não pertence à tribo verdadeira ou mais verdadeira (de cuja verdade as outras, quando muito, apenas se aproximam: a esta presunção chama-se “tolerância”). Isso deixá-lo-ia inseguro. É por isso que as tribos convivem e comunicam tão mal entre si, mesmo quando se sentam à mesma mesa do politicamente correcto. E é por isso que há tanto conflito e sangue no mundo: mental, emocional, verbal e físico.
(…) Ser um espírito livre, que se aventura pelas veredas inexploradas e sempre abertas, é uma tarefa de cada instante e um oásis no deserto destes tempos de novas massificações e obscurantismos em que vivemos. O preço é a solidão aparente, mas que na verdade abre para a comunhão real (…) com a natureza profunda dos seres e das coisas. (…) E isso só é possível tresmalhando-nos da mediocridade de todos os rebanhos, por mais simpáticos e divertidos que sejam. É para além de todos os rebanhos que se ganha o direito a ingressar na grande comunidade e comunhão da Vida, da Vida plena. (Paulo Borges)

“Vocês aí dentro são muitos?”: palavras de um internado no Hospital Júlio de Matos dirigidas, através das grades, a um transeunte. (Paulo Borges)

O Grande Todo é infinitamente justo, harmonioso e perfeito. (...) Sem esta visão e sem a alegria que nela há todo o activismo em prol dos homens, dos animais e da Terra arrisca-se a não conduzir senão a revolta destrutiva, cansaço, amargura, frustração e desespero. - Paulo Borges

(…) A multidão dos lisboetas e dos descarregados dos dormitórios para a cidade, para o trabalho, (…) para o tempo gasto a dizer “Tudo bem” e a ser mentira, a forçar sorrisos para contrariar a vontade de romper em soluços, a fazer de conta por vergonha de mostrar que rebentam de sofrimento e frustração, a dizer sim com vontade e medo de dizer não, a fazer a barba e a apertar a gravata cheios de ganas de mandar o mundo e a si mesmos para a p. que os pariu. – Paulo Borges, in Línguas de Fogo, pág. 135

“Amar mais aqueles de quem nascemos, quem de nós nasce ou nos ama não é senão amar-se sobretudo a si.” (Paulo Borges)

A filosofia está a esgotar-se, pelo afastamento da vida e de outras possibilidades do espírito. A filosofia deixou em geral de ser um modo de vida integral, como nas escolas filosóficas gregas e indianas, para se tornar uma actividade meramente intelectual, com uma linguagem técnica hiper-especializada em questões estéreis, que nada dizem às fundamentais aspirações humanas. Essa filosofia traiu a própria vocação, enquanto amor da sabedoria, do saber/sabor da essência da vida. - Paulo Borges


A luta pela vida é uma lei do nosso plano. Esta lei, nesse seu aspecto tão duro, não é princípio biológico universal, mas só qualidade dolorosa particular aos planos inferiores da existência, próximos aos da animalidade. (…) Os diferentes planos da existência são regidos por princípios diferentes, de modo a desaparecerem lutas e necessidades, à medida que vamos subindo. - Pietro Ubaldi, A Lei de Deus, pág. 72

A convicção não é tanto filha de cálculos lógicos e racionais, mas um estado de amadurecimento interior, que só se consegue por meio de provas, lutando e sofrendo.  (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, pág. 370)

Eliminadas as guerras, alcançada a ordem e a paz num governo mundial único, (…) será iniciada a penetração no mundo do imponderável. (…) A revolução será pacífica, mas será a maior e a mais decisiva, porque deslocará o eixo em torno do qual gira o pensamento humano. (…) O homem virá a ser religioso por compreensão directa, e não apenas pela fé. A revolução (…) realizar-se-á na profundidade da alma. (…) Se o progresso, que é inevitável, quiser continuar só poderá seguir esse caminho. - Pietro Ubaldi

Os vossos actos, as vossas experiências, as vossas reacções ao ambiente, fixam-se em automatismos psíquicos, tornam-se hábitos, e depois serão instintos e ideias. Assim, a vida orgânica desgasta-se, mas é construção de consciência. (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, pág. 84)  
A dor é a experiência que mais amadurece a alma e afina a nossa sensibilidade, de forma que possa, assim, gozar vibrações que antes não podiam ser percebidas. (Pietro Ubaldi, Teoria da Reencarnação, pág. 14)

Falo bem claro: não quero chefiar coisa alguma na Terra; não quero conquistar poder algum neste mundo. (…) O que almejo só é utilizar esta minha condenação de viver neste baixo nível de vida para ajudar os outros a levantarem-se a um nível espiritual mais alto. Se me fosse permitido, só uma vez, ser egoísta, o meu único desejo seria o de ir-me embora, fugindo para bem longe deste mundo e não voltar mais. - Pietro Ubaldi

A ciência arrisca-se a nunca atingir uma conclusão, e o “ignoramibus” significa falência. A finalidade da ciência não pode cingir-se à multiplicação de comodidades. (…) A ciência pela ciência nada vale. - Pietro Ubaldi

O grande “hálito” que move e dá vida à matéria não lhe é apenas acrescentado, mas funde-se com ela; Deus não é potência exterior, mas reside no íntimo das coisas, e no íntimo opera.    (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, pág. 169)

O segredo de uma grande arte consiste em saber realizar o milagre da revelação do mistério das coisas; em saber exprimi-lo à luz dos sentidos, após íntima e profunda comunhão com o mistério que palpita na alma do artista. Este tem de ser um vidente, normal ou paranormal - Pietro Ubaldi,  A Grande Síntese, pág. 366

A dor alterna-se com a alegria, mas é condição, como elemento de experiência e de progresso, de uma alegria cada vez maior. (Pietro Ubaldi, A Grande Síntese, pág. 128)

As grandes renúncias (pobreza, castidade, obediência) são os truncamentos decisivos de onde a animalidade sai amortecida, mas que só poderão valer quando se saiba reconstruir, compensando com qualidades mais elevadas, (…) a fim de não se desencaminhar (…) no vazio de uma asfixia infrutífera do ser. (…) As paixões são grandes forças, que não devem ser destruídas, mas utilizadas e elevadas. - Pietro Ubaldi,  A Grande Síntese, pág.  273
                                                       










terça-feira, 20 de dezembro de 2016


A quem veneras nesse canto escuro e solitário de um templo de portas fechadas? Abre os olhos e verifica que não está diante de ti o teu Deus! Ele está é onde o camponês lavra a terra e o trabalhador braçal quebra pedras para abrir novas estradas. Está com eles sob o sol e a chuva e as suas vestes estão cobertas de pó - Tagore

"Todos nós somos potenciais activistas. Podemos mostrar ao mundo que uma vida boa pode ser vivida sem subjugação, exploração ou dominação dos outros, ou dos recursos naturais. Podemos demonstrar que uma vida simples, saudável e equitativa pode ser alegre e boa. Podemos mostrar que a felicidade não flui dos bens materiais ou do valor que possuímos nas nossas contas bancárias, pelo contrário, a felicidade brota da nossa qualidade de vida e do tipo de relação que temos com a nossa família, comunidade e com o mundo. Nós não temos que esperar por um messias. A verdadeira liderança não vai sair do Parlamento ou do palácio presidencial. (...) O verdadeiro activismo é agir com integridade e sem medo. O activismo é um chamamento interior. É uma viagem. A jornada de transformação da subjugação em libertação, da falsidade em verdade, do controlo em participação e da ganância em gratidão." (Satish Kumar, Small World, Big Ideas)

"Temos de perceber que a violência não se limita à violência física. O medo é violência, a exploração dos outros, por mais subtil que seja, é violência, a segregação é violência, pensar mal dos outros e condenar os outros é violência. Para que possamos reduzir os actos individuais de violência física temos que trabalhar para eliminar a violência a todos os níveis: mental, verbal, pessoal e social. (…)" - Satish Kumar, The Buddha and the Terrorist

Se o movimento verde pretende ser radical e eficaz e quer abraçar o novo paradigma do futuro, então o nosso trabalho tem que se basear na harmonia e plenitude, incorporando o bem-estar espiritual, a criação artística, a coesão social e a reverência por toda a vida. Através das palavras, cores ou imagens, música, poesia, movimento e histórias nós comunicamos e expressamos a nossa experiência da harmonia universal. E através da reverência e da contenção, da simplicidade e frugalidade, reflexão e meditação, síntese e espiritualidade, diálogo e filosofia aprendemos a viver em harmonia com o universo e connosco próprios. (Satish Kumar)

Se queremos abraçar o novo paradigma do futuro, o nosso trabalho tem que se basear na harmonia e plenitude, incorporando o bem-estar espiritual, a criação artística, a coesão social e a reverência por toda a vida. Através das palavras, cores ou imagens, música, poesia, movimento e histórias nós comunicamos e expressamos a nossa experiência da harmonia universal. E através da reverência e da contenção, da simplicidade e frugalidade, reflexão e meditação, síntese e espiritualidade, diálogo e filosofia aprendemos a viver em harmonia com o universo e connosco próprios. (Satish Kumar)

A humanidade ainda está em construção. A vida, tal como a conhecemos, é apenas a matéria-prima para a vida como ela pode ser. Estão ao alcance da nossa espécie uma plenitude e uma liberdade até aqui inéditas. Basta unirmo-nos como seres humanos e avançar, com uma meta elevada e uma decisão estável. (S. Radhakrishnan)

Meditação é ver (…) as nossas emoções e pensamentos como são agora, neste exacto momento. Não tem a ver com tentar fazer algo ir embora, nem tentar tornar-se melhor do que se é, mas ver claramente, com precisão e gentileza.
(…) Se você tem um temperamento ruim e sente que agride a si mesmo e aos outros, você pode pensar que ao sentar-se em meditação por uma semana ou um mês fará o seu temperamento ruim acabar - que você será aquela pessoa doce que sempre quis ser, que nunca mais uma palavra dura irá sair dos seus lábios de lírio branco. O problema é que o desejo de mudar é, fundamentalmente, uma forma de agressão contra si mesmo. Outro problema é que os nossos curtos-circuitos, felizmente ou infelizmente, contêm a nossa riqueza.
(…) Alguém que é muito agressivo também tem muita energia; aquela energia é o que enriquece. É a razão pela qual as pessoas amam aquela pessoa. O objectivo não é tentar livrar- se da sua raiva, mas fazer as pazes com ela, ver claramente, com precisão e honestidade, e também com gentileza. Isso significa não se julgar a você mesmo como uma pessoa má, mas também não pensar sempre “É bom que eu esteja com raiva deles”. A gentileza envolve não reprimir a raiva, mas também não pactuar com ela. É algo muito mais sutil e mais coração aberto do que isso. Envolve aprender como, assim que você perceber totalmente o sentimento de raiva e o conhecimento de quem você é e do que faz, soltar e deixar ir. Você pode se soltar da rotineira historinha ridícula que acompanha a raiva e começar a ver claramente como você mantém a coisa toda acontecendo. Por isso, seja raiva ou desejo ou ciúme ou medo ou depressão – o que quer que seja – a ideia não é tentar livrar-se disso, mas fazer amizade com isso. Significa conhecer isso completamente, com um tipo de suavidade, e aprender como, uma vez que experimentou isso inteiramente, deixar ir. (Pema Chödrön, em “The Wisdom of no Escape and The Path to Loving-Kindness”, 1991, págs. 18 e 19)

O universo inteiro está contido em si. Tudo o que você vê ao seu redor, incluindo as coisas das quais você não gosta, e mesmo as pessoas que você despreza ou abomina, estão presentes dentro de si, em graus variados. Portanto, não procure, também, por Satã fora de si. O Demónio não é uma força extraordinária, que ataca de fora. É uma voz comum, dentro. Se você se conhecer, completamente, a si mesmo, encarando com honestidade e firmeza os seus lados sombrio e claro, você chegará a uma forma suprema de consciência. Quando alguém se conhece a si próprio conhece a Deus. (Elif Shafak, 18ª Lei de As 40 Leis do Amor: Um Romance de Rumi)



A escada de ouro

"Vida limpa, mente aberta, coração puro, intelecto ardente, clara percepção espiritual, afecto fraternal para com o seu co-discípulo, presteza para dar e receber conselhos e instrução, leal senso do dever para com o instrutor, pronta obediência aos preceitos da verdade, uma vez que nela pusemos a nossa confiança e cremos que o instrutor a possui; corajoso suportar das injustiças pessoais, destemida declaração de princípios, valente defesa daqueles que são injustamente atacados e mira constante no ideal de progresso e perfeição humanos, que a ciência secreta revela - esta é a escada de ouro, cujos degraus o aspirante pode galgar, até ao templo da sabedoria divina." Reproduzido do texto A Escada de Ouro, de Carlos Cardoso Aveline


Em todas as épocas, os pioneiros da evolução devem abrir terreno novo, em condições difíceis, desafiando o peso acumulado da ignorância colectiva, até que as suas ideias sejam reconhecidas e se transmitam amplamente, rasgando o véu das ilusões anteriores.
Os pioneiros da fraternidade universal, por exemplo, trabalham há muitos milênios, e não mantêm viva apenas a percepção deste ideal, mas preservam, acima de tudo, a sabedoria e o discernimento, que o tornam possível. A tarefa deve prosseguir até que, no momento certo, a humanidade desperte do sonho empobrecedor que é a ausência de fraternidade. Reproduzido do texto Telepatia, a Comunicação Silenciosa, de Carlos Cardoso Aveline

Se você alimentar sentimentos equilibrados e construtivos para com todos – mesmo os que lhe são antipáticos – a lei da reciprocidade magnética e da circulação dos pensamentos e sentimentos fará com que você colha os bons frutos que plantou. O universo não tem – nem permite – segredos duradouros que signifiquem incomunicação ou separação. Há apenas coisas que o indivíduo ainda não entende, ou para as quais não está preparado. Reproduzido do texto Telepatia, a Comunicação Silenciosa, de Carlos Cardoso Aveline

Uma percepção espiritual clara não permanece limitada exclusivamente às coisas espirituais. Ela enxerga tanto a sabedoria como a estreiteza mental. Ela vê a felicidade e o sofrimento, o prazer e a dor, o discernimento e a ilusão. Todos os aspectos da vida estão no campo de observação daquele que possui um olhar espiritual. Carlos Cardoso Aveline

Qual a grande lição prática que o mundo do século XXI deve aprender da filosofia de Gandhi? Simples: o espírito comunitário, a economia solidária e a simplicidade voluntária são os elementos centrais para o progresso e a democracia verdadeiros. (Carlos Aveline)

O dogma e o mito podem transformar o meio em fim, a aparência em essência e a circunstância externa em facto central. E isso pode ocorrer – e ocorre frequentemente – com as modernas técnicas de meditação e oração, o vegetarianismo, o respeito aos animais e a atitude de valorizar pensamentos construtivos. Tudo pode ser visto com olhos supersticiosos e transformado em dogma, rotina e ritual. (Carlos Aveline)
O bom aprendiz espiritual busca ser plenamente consciente dos sentimentos e pensamentos que emite, e estuda com paciência o processo pelo qual colhe, a cada momento, os frutos que lhe correspondem. Gradualmente, aprende a plantar o bem. Então, os pensamentos e sentimentos que produz, emite e transmite aos outros e à atmosfera astral passam a ser cada vez mais íntegros e ele transforma-se num centro de paz. É nisso que consiste a libertação espiritual. Reproduzido do texto Telepatia, a Comunicação Silenciosa, de Carlos Cardoso Aveline

No verdadeiro optimismo não há uma idealização emocional (…) Quando conhecemos o modo como a Vida funciona percebemos que é possível confiar nela. O optimismo ensina a confiança em si mesmo e permite ao indivíduo preservar a sua felicidade interior, apesar dos desafios. Nenhuma dor é mais intensa que a lição ensinada por ela. A aflição humana não pode superar a bênção que a compensará em seu devido tempo. - Carlos Aveline

Quando alguém coloca a verdade acima da crença organizada, do costume estabelecido ou da amabilidade obrigatória está optando por uma atitude sensata, que possibilita o crescimento interior. Assim, a pessoa abandona a mera aparência de boa educação - que produz hipocrisia. - Carlos Aveline


Num texto de 1940 sobre a liberdade, Einstein definiu dois pontos centrais para a transição da sociedade humana em direcção à civilização próspera e luminosa do futuro.
Em primeiro lugar, disse ele, “os bens indispensáveis para manter a vida e a saúde de todos os seres humanos devem ser produzidos com o menor trabalho possível de todos”.
Em segundo lugar, “a satisfação das necessidades físicas é, de facto, uma pré-condição para uma existência satisfatória, mas não é suficiente. (...) Para ser feliz, o ser humano necessita de sentir que cresce intelectual e espiritualmente. Ele deve ter tempo livre para si mesmo. A jornada de trabalho deve ser gradualmente reduzida, o que é possível graças aos avanços tecnológicos.
(...) Mas, além disso tudo, ele precisa de ter uma liberdade interior, uma profunda liberdade de pensamento. O ser humano não pode ser forçado a aceitar dogmas religiosos, filosóficos ou políticos. Deve aprender a ver as coisas por si mesmo, sem correr o risco de ser perseguido ou marginalizado por isso. Esta liberdade de espírito consiste na independência de pensamento em relação às restrições provocadas por preconceitos sociais e autoritários, mas também em relação às rotinas e aos hábitos em geral”, escreveu.
E prosseguiu: “Esta liberdade interior é uma dádiva pouco frequente da natureza, e um objectivo valioso para o indivíduo. No entanto, a comunidade também pode fazer muito para estimular esta conquista, e para, pelo menos, não criar obstáculos a ela. Assim, as escolas podem bloquear o desenvolvimento da liberdade interior através de influências autoritárias e da imposição de compromissos espirituais demasiado grandes para os jovens; de outra parte, as escolas podem favorecer esta liberdade encorajando o pensamento independente. Só quando a liberdade externa e interna são buscadas consciente e constantemente é que existe a possibilidade de um desenvolvimento e um aperfeiçoamento espirituais, e deste modo de uma melhora da vida interior e externa do homem.” - Carlos Aveline

A sucessão de dores e prazeres que vivemos do berço ao túmulo tem como função prática estimular a nossa caminhada do apego para o desapego; do ilusório para o real; da ignorância para a sabedoria. – Carlos Aveline, Três Caminhos para a Paz Interior
Não há carma bom e carma ruim. Todo o carma é bom, no sentido de que traz lições a quem tem olhos para ver. O que existe, isso sim, é carma agradável e carma desagradável. E nem sempre o que é agradável é bom. Inúmeras vezes o carma desagradável faz alguém despertar, enquanto o carma agradável adormece e entorpece o indivíduo. (Carlos Aveline)


No caminho espiritual, é normal que durante algum tempo as boas acções sejam “recompensadas” apenas com mais sofrimento. Isso não ocorre porque a vida é cruel, como pensam alguns desanimados. Ocorre porque o bom carma não amadurece de imediato. Longe disso. Ao amadurecer lentamente, o carma funciona de modo a evitar que os avanços do peregrino no caminho espiritual sejam superficiais ou aconteçam sem os devidos testes.
(…) Não há avanço “fácil” ou “gratuito” que seja sólido no caminho espiritual. É necessário avançar de modo consistente, passo a passo. Deve-se ter uma vontade incondicional, capaz de ganhar força cada vez maior nas dificuldades. (…) É isso que diminui, radicalmente, o tamanho das decepções, e que aumenta, por outro lado, a solidez e a durabilidade das vitórias. (Carlos Aveline)

Einstein define como objectivo legítimo da vida de um indivíduo servir a comunidade de um modo livre, criativo e independente. “O motivo mais importante para trabalhar na escola e na vida deve ser o prazer do trabalho, o prazer de ver os seus resultados e de saber da utilidade deste trabalho para a comunidade em que vive”, escreve.
A educação deve ter como meta que o jovem saia da escola com uma personalidade harmoniosa e aberta para a vida, e não como proprietário de um conhecimento especializado: “A prioridade deve ser sempre o desenvolvimento de uma habilidade geral de pensar e avaliar com independência, e não a aquisição de algum conhecimento específico”, escreveu. - Carlos Aveline


Mais do que os obstáculos que chamam facilmente a nossa atenção, o nosso verdadeiro adversário é aquilo a que Carlos Castañeda chamou "esquema de indulgência": o conjunto de explicações pelas quais justificamos um certo apego à preguiça e à rotina.
Despertar é incómodo. Nascer interiormente é arriscado. Viver é perigoso. A luz do Sol ilumina o belo e o feio, mas é fonte de paz. (Carlos Cardoso Aveline)

A evolução humana não está abandonada. Não há motivo para desânimo. Nada ocorre por acaso. A trajectória da humanidade e do nosso planeta, como um todo, é conduzida, silenciosamente, no caminho do bem por dois processos naturais. Por um lado há o funcionamento espontâneo da boa lei do carma, a lei universal. Por outro lado, há o funcionamento da fraternidade das almas humanas mais sábias e experientes, que alcançaram a libertação e trabalham pela libertação de todos os seres. Esta fraternidade universal age - milénio após milénio - em estreita harmonia com os vários níveis de inteligência planetária superior. - Reproduzido do texto Uma Escola Esotérica de Três Mil Anos, de Carlos Cardoso Aveline

Se você alimentar sentimentos equilibrados e construtivos para com todos – mesmo os que lhe são antipáticos – a lei da reciprocidade magnética e da circulação dos pensamentos e sentimentos fará com que você colha os bons frutos que plantou. O universo não tem – nem permite – segredos duradouros que signifiquem incomunicação ou separação. Há apenas coisas que o indivíduo ainda não entende, ou para as quais não está preparado. Reproduzido do texto Telepatia, a Comunicação Silenciosa, de Carlos Cardoso Aveline

Quem está preso?
O sábio líder popular está preso.
Ele olha pela janela da cela da prisão para o pátio interno do prédio... O soldado armado, carcereiro, vigia.
Qual dos dois está preso, de facto? Qual deles verdadeiramente solto?
A severa restrição física do prisioneiro aumenta a libertação interior. A verdadeira liberdade e o poder autêntico estão no mundo interior, além da cela - na absoluta vastidão. Precisamente por causa desta liberdade essencial, ele foi colocado na prisão física.
Uma ampla liberdade material, por outro lado, pode trazer consigo, e frequentemente traz, a prisão do espírito.
Os carcereiros da alma são infelizes e não têm compaixão. Eles são os hábitos diários da ignorância e da ilusão. (Carlos Cardoso Aveline)


A caminhada espiritual não está afastada da vida. Assim como no mundo externo existem espertalhões que mentem no âmbito das relações sociais e económicas, outros tantos “espertos” geram mitos no universo da busca espiritual. (…) Deve manter-se os olhos abertos e os ouvidos atentos, porque a vigilância é um preço a pagar pelo progresso, em todos os aspectos da caminhada. Carlos Cardoso Aveline, Mitos e Verdades do Caminho Espiritual)

O ditado popular afirma que o pior cego é aquele que não quer ver, mas o ditado ignora o facto de que quase sempre há um motivo forte para manter os olhos fechados.
A aceitação da realidade ou da verdade pode derrubar e destruir as ilusões mais agradáveis. Com ela, o ser humano é forçado a deixar de lado situações sobre as quais, antes, comodamente se enganava a si mesmo – e aos outros. Assim, o cego mais astucioso é aquele que prefere não ver, e uma boa parte das pessoas está nesse caso. É como se o indivíduo pensasse: “É melhor não saber de certas coisas”. Todo o conhecimento directo implica uma responsabilidade e um perigo. Às vezes, o indivíduo foge do perigo − e da sua verdadeira força interior −, buscando refúgio na falsa segurança do não saber.
(…) O caminho estreito e íngreme de que fala Jesus no Novo Testamento (Mateus, 7: 13-14) consiste em olhar os factos colocando a verdade acima das outras considerações. Esse caminho precário força o ser humano a pensar, e nele os tombos e os tropeços são inevitáveis. A roupa fica rasgada. A sola dos sapatos rompe-se. O futuro é incerto e o caminhante é visitado pelo medo e pela incerteza, mas a sua alma cresce. Carlos Cardoso Aveline, Mitos e Verdades do Caminho Espiritual

A fuga ao auto-aperfeiçoamento está ligada ao medo do indivíduo de assumir a sua responsabilidade individual diante da sua própria vida e diante da consciência madura que adquire sobre a sua inevitável morte física e a sua transcendência obrigatória no fim da actual encarnação. - Carlos Cardoso Aveline

O ser humano dorme, do ponto de vista da espiritualidade mais elevada. Ele ainda não despertou para um modo mais maduro de ver o mundo. A sua visão do mundo é feita de sonhos ou mitos, criados por ele mesmo ou que ele aceita como se fossem realidade porque lhes foram apresentados e impostos como tal.
(…) É possível dizer que o nosso “estado de vigília” é, na verdade, feito de sonhos. E que, mesmo quando pensamos estar acordados, na verdade relacionamo-nos, sobretudo, com as imagens que temos das coisas, como num sonho. Temos poucos momentos de lucidez total, em que vemos as coisas como elas são e dentro de um horizonte muito mais amplo que o curto prazo pessoal. - Carlos Cardoso Aveline, Mitos e Verdades do Caminho Espiritual

Cada ser humano deve fazer os ajustes adequados dentro da sua própria esfera, (…) porque este centro é o único centro de tudo o que há. 
Assim, é inútil (…) lamentar-se ou ter vontade de estar em qualquer outro lugar diferente daquele em que se está. Em algum momento, em algum lugar, cada indivíduo deve realizar esta tarefa. (Carlos Aveline)

O mapa das dificuldades ao nosso redor é também o mapa do caminho que leva até ao território da paz, do êxito e da felicidade. Todos querem chegar lá, mas nem todos têm a vontade necessária para trilhar o caminho. Normalmente, a força de vontade está esparramada e dividida entre muitos objectivos pequenos e sem importância. Renunciar à dispersão permite reunir as nossas energias em torno de um só objectivo fundamental e aumenta radicalmente as nossas “chances” de vitória. Especialmente se, além disso, soubermos esperar. - Carlos C. Aveline, O Poder da Sabedoria

A escada de ouro
"(…) Vida limpa, mente aberta, coração puro, intelecto ardente, clara percepção espiritual, afecto fraternal para com o seu co-discípulo, presteza para dar e receber conselhos e instrução, leal senso de dever para com o instrutor, pronta obediência aos preceitos da verdade, uma vez que nela pusemos a nossa confiança e cremos que o instrutor a possui; corajoso suportar das injustiças pessoais, destemida declaração de princípios, valente defesa daqueles que são injustamente atacados e mira constante no ideal de progresso e perfeição humanos, que a ciência secreta revela - esta é a escada de ouro, cujos degraus o aspirante pode galgar, até ao templo da sabedoria divina." Reproduzido do texto A Escada de Ouro, de Carlos Cardoso Aveline



A cada pensamento ocorre uma alteração correspondente na energia do sistema nervoso. A médio e longo prazo, o sistema nervoso adapta-se à natureza dos pensamentos que temos. Subba Row explica que a energia dos nervos tem a sua própria aura, como ocorre com qualquer agregação de moléculas no mundo natural. Há uma ligação íntima e directa entre a energia dos nervos e a aura astral e magnética que os rodeia. A aura é uma verdadeira antena ligada para o mundo subtil. 
E diz ainda: “Observamos que, em certos casos, um sentimento de calamidade é experimentado por uma pessoa, quando um amigo fisicamente distante está a morrer. Acreditamos que, de algum modo, as nossas ideias mentais estão conectadas com as emoções de prazer e dor. (...) Algumas correntes podem transmitir sentimentos sem imagens.”
Conforme a qualidade interior da sua consciência, cada cidadão terá o hábito ou será capaz de sintonizar e trazer para si, por um esforço consciente, determinados níveis da realidade. Ninguém é vítima das circunstâncias. O próprio ser humano cria a atmosfera psíquica em que lhe cabe respirar e viver. - Carlos Aveline


O momento do despertar 

(…) Ele é tentado a fingir que é cego, para permanecer ligado às ilusões consensuais. Ele tem medo da solidão se seguir a verdade, mas a sua capacidade de aderir, sinceramente, à ilusão consensual vai ficando cada vez menor. Então ele encontra outras pessoas que estão na mesma situação, e surge o processo da ajuda mútua. A luz de um soma com a luz de outro.
O despertar aprofunda-se, não sem desafios. O aprendiz percebe que a chave está em manter o foco central da consciência no que é correcto, enxergando secundariamente - mas com rigor - o que não é correcto. Reproduzido do texto Um Fósforo Antecipa o Novo Dia, de Carlos Cardoso Aveline



Quando aquele que busca a verdade finalmente compreende o princípio da correspondência dinâmica entre o que é interno e o que é externo, ele vê que o ponto de vista a partir do qual olha o universo é determinado pela forma como a sua alma se organiza em determinado momento.
Ele enxerga o mundo externo como uma expressão e um espelho do seu estado de espírito e da situação da sua alma. E, no entanto, isso não é suficiente. O aprendiz deve perceber que a recíproca é igualmente verdadeira. Também o seu estado de espírito reflecte, num plano subjectivo, aquilo que ocorre no mundo ao seu redor. O universo psicológico tem um nível de consciência que regista em si mesmo os factos do universo exterior, e se adapta a eles.
Reproduzido do texto Um Fósforo Antecipa o Novo Dia, de Carlos Cardoso Aveline

Perceber a verdade é uma questão de sintonia interior.
O indivíduo precisa de transformar-se, gradualmente, na sabedoria universal que busca.
Através do pensamento sincero, da vida limpa e da conduta correcta deve reconstruir-se a si mesmo com a substância da verdade que procura contemplar.
Reproduzido do texto A Força de um Compromisso Sagrado, de Carlos Cardoso Aveline

Há uma razão pragmática para ajudar os outros, ser altruísta e desejar o melhor para todos os seres. Ela está no facto de que tudo o que fazemos aos outros volta para nós. O egoísmo é a mais autoderrotante das formas de cegueira e ignorância. No entanto, o altruísmo não é suficiente: é preciso também vigilância e discernimento. (Carlos Cardoso Aveline)

Uma percepção espiritual clara não permanece limitada exclusivamente às coisas espirituais. Ela enxerga tanto a sabedoria como a estreiteza mental. Ela vê a felicidade e o sofrimento, o prazer e a dor, o discernimento e a ilusão. Todos os aspectos da vida estão no campo de observação daquele que possui um olhar espiritual. Carlos Cardoso Aveline

Um raja-iogue dos Himalaias escreveu: “O bom aprendiz espiritual busca ser plenamente consciente dos sentimentos e pensamentos que emite, e estuda com paciência o processo pelo qual colhe, a cada momento, os frutos que lhe correspondem. Gradualmente, aprende a plantar o bem. Então, os pensamentos e sentimentos que produz, emite e transmite aos outros e à atmosfera astral passam a ser cada vez mais íntegros e ele transforma-se num centro de paz. É nisso que consiste a libertação espiritual.” - Carlos Aveline


Embora a verdade não esteja tão longe quanto se pensa, o grande problema consiste em saber se queremos olhar para ela de frente. (Carlos Cardoso Aveline)


Há ilusões colectivas que pairam no ar, falsidades culturais mais ou menos estabelecidas, mas que é possível identificar, analisar e descartar. Vejamos, como exemplo, cinco delas:
1) “Há apenas paz e amor no caminho espiritual”. O pensador zen-budista Shundo Aoyama escreveu que a velhice, a doença e a morte − assim como a felicidade, a infelicidade, o ganho e a perda − são todos factores importantes no caminho em busca da sabedoria.
2) “Temos a obrigação de experimentar sempre sentimentos maravilhosos durante as nossas meditações”. Na verdade, como ensinou Charlotte Joko Beck, “a meditação não é ocasião para bem-aventurança e relaxamento, mas um forno para queimar as nossas ilusões egoístas”. Quando nos sentamos, imóveis, para buscar a verdade interior, podemos ser assaltados por dúvidas, ansiedades e outras movimentações da ignorância. Dessa tensão surgem um atrito e um fogo, que queimam as ilusões do nosso eu pessoal, tornando-o digno de contemplar a verdade.
3) “A caminhada espiritual é apenas pessoal e subjectiva, nada tendo a ver com os outros ou com o mundo externo”. O monge zen Thich Nhat Hanh considera que “os instrutores espirituais que não dão atenção aos problemas do mundo, como a fome, a guerra, a opressão e a injustiça social, não compreenderam bem o significado do budismo”. (…)
4) “Os nossos pensamentos e emoções estão separados do nosso corpo físico”. Uma grande quantidade de derrotas e fracassos resulta da visão do caminho espiritual como algo que nega o corpo físico, ao invés de conhecê-lo e usá-lo adequadamente como um instrumento da caminhada. A alimentação, a respiração, a circulação do sangue, o trabalho dos rins e do fígado, os relaxamentos e as tensões musculares são retratos dinâmicos que expressam, no mundo físico, aquilo que ocorre na alma. Por sua vez, os hábitos, posturas e processos corporais também influenciam as actividades mentais e emocionais.
5) “O caminho espiritual é feito de fé e de crença”. Grave engano. A crença em algo que não podemos verificar por nós mesmos reduz a nossa capacidade de perceber a realidade e fecha a nossa mente para o que é novo. Os caminhos que levam à paz interior são feitos de perguntas e de tentativas. A convicção é um péssimo critério para julgar a verdade.
Os autoritarismos bem intencionados, religiosos ou não, plantam falsas certezas e exigem “fé” e “confiança” dos seus seguidores. Os sistemas correctos de liderança, baseados na comunhão fraterna, fazem da transparência e da vigilância colectiva a sua característica central. A verdadeira fé e a verdadeira confiança surgem de dentro para fora. Elas não são resultado de propaganda ou de pregação, e não têm medo do exame crítico, mas, pelo contrário, testam a sua força enfrentando, de boa vontade, os desafios da vida. (…)
Há muitos exemplos de ilusão, é claro, dentro e fora de cada cidadão. Os caminhos que levam à paz interior são, na prática, maneiras pelas quais cada um de nós decide aceitar a destruição dos seus mitos particulares e adequar a sua vida prática à lei da verdade. Mitos e Verdades do Caminho Espiritual, Carlos Cardoso Aveline

O modo como convivemos connosco mesmos é a base da maneira como convivemos com os outros. (Carlos Cardoso Aveline)

No caminho do autoconhecimento, o progresso real é, frequentemente, homeopático, e deve ser valorizado como tal. Cada situação da vida diária é uma oportunidade para consolidar um padrão mais correcto de hábitos físicos, emocionais e mentais. O modo como convivemos com nós mesmos é a base da maneira como convivemos com os outros. (Carlos Cardoso Aveline)


Ler muitos livros diferentes distrai, mas não ensina. E já que não podemos ler todos, é melhor contentarmo-nos com ler alguns. (...) Tire das suas leituras um pensamento para cada dia; esse é o meu método; leio muito, e tiro algum proveito. (Carlos Aveline)

O problema ético depende da consciência interior de cada um e não pode ser resolvido apenas no plano externo da política e do jogo das aparências. A visão interna e espiritual da realidade é indispensável. - Carlos Aveline

A maturidade e a sabedoria de alguém são determinadas pela sua capacidade de transcender a camada externa e a aparência das pessoas e coisas. (Carlos Aveline)

Quanto mais se tem acesso à compreensão profunda das verdades universais mais claramente se desmoronam certos aspectos da vida individual e mais se é levado ao despojamento e à vida simples, em todos os aspectos. (Carlos Cardoso Aveline)

Ninguém pode saber coisa alguma através de outra pessoa. Cada um deve fazer o seu próprio aprendizado. Cada um tem que comprovar por si mesmo. (Carlos Aveline)

Força e matéria, espírito e matéria ou divindade e matéria, embora possam ser vistos como pólos opostos, nas suas respectivas manifestações, são, em essência e em verdade, apenas um. A vida está presente tanto num corpo morto como num corpo vivo, na matéria orgânica como na matéria inorgânica. (…) A vida, seja na sua forma latente ou dinâmica, está em toda a parte. Ela é tão infinita e indestrutível como a própria matéria, já que nenhuma das duas pode existir sem a outra. - Carlos Aveline


Os dois ensinamentos de que o Ocidente necessita mais urgentemente: o do carma e o da reencarnação; isto é, as doutrinas da esperança e da responsabilidade. (Carlos Aveline)

Não pode haver força de vontade sem paz interior. É preciso acalmar os desejos contraditórios – que tendem a anular-se uns aos outros –, para que depois surja a vontade activa, que traz a serenidade e faz os supostos obstáculos desaparecerem, às vezes inesperadamente. - Carlos C. Aveline, O Poder da Sabedoria

É a vontade espiritual universal que mantém em movimento as galáxias e alimenta a evolução de tudo o que existe. (Carlos C. Aveline)

A sabedoria alheia só pode ser percebida quando olhamos a vida do ponto de vista da sabedoria dentro de nós. (Carlos Aveline, Três Caminhos para a Paz Interior)

A paz interior só depende de nós próprios, e tem a tendência de estar connosco durante períodos curtos. (…) Isso ocorre porque a paz nunca se separa da verdade, da justiça e do equilíbrio. Sem esses factores ela é apenas uma ausência temporária de conflito, que pode provocar mais sofrimento no futuro; com eles ela é perfeita, durável e indestrutível. – Carlos Aveline, Três Caminhos para a Paz Interior



VÁRIOS


Coragem não significa não ter medo, coragem significa que algo é mais importante que o medo. – Ambrose Red Moon


O género “demoníaco” é o intermediário entre o divino e o mortal, é o intérprete e mensageiro dos homens junto dos deuses, e dos deuses junto dos homens, para as preces, as ordens, as graças; (…) Um deus não intervém no humano: é através dos “demónios” que os deuses tratam e dialogam com os homens, tanto na vigília como no sono. (Platão - O Banquete)

Pegue um sorriso e doe-o a quem jamais o teve.
Pegue um raio de sol e faça-o voar lá onde reina a noite.
Descubra uma fonte e faça banhar-se quem vive no lodo.
Pegue uma lágrima e ponha-a no rosto de quem jamais chorou.
Pegue a coragem e ponha-a no ânimo de quem não sabe lutar.
Descubra a vida e narre-a a quem não sabe entendê-la.
Pegue a esperança e viva na sua luz.
Pegue a bondade e doe-a a quem não sabe doar.
Descubra o amor e faça-o conhecer ao mundo.
(Mahatma Ghandi)

"Uma mística sem ética é uma mistificação; uma meditação que não abrisse à compaixão não seria senão narcisismo transcendental. A verdade sem amor é uma mentira, como o amor sem a verdade uma ilusão." - Jean-Yves Leloup

Deves ler, reflectir e meditar sobre tudo o que mais se oponha ao que julgas ser, fazer, pensar e amar. (Paulo Borges - A Cada Instante Estamos a Tempo de Nunca Haver Nascido, pág. 122)

Travam os homens, entre si, uma contínua guerra de vaidade; conhecendo todos a vaidade alheia, nenhum conhece a sua.
A vaidade é um instrumento que tira dos nossos olhos os defeitos próprios e faz com que apenas os vejamos a uma distância imensa; ao mesmo tempo, expõe à nossa vista, ainda mais perto e maiores do que são, os defeitos dos outros.
De todas as paixões, a que mais se esconde é a vaidade; e esconde-se de tal forma que a si mesma se oculta e ignora. A nossa vaidade é o que nos faz ser insuportável a vaidade dos outros; por isso, a quem não tivesse vaidade não lhe importaria, nunca, que os outros a tivessem. (Matias Aires - Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens)


Quem diz que o tempo traz apenas ilusões é que não tem feito outra coisa senão iludir-se. (Chico Xavier)

A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro. A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos. Até aí tudo bem!
O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum, é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos. (Chico Xavier)

“A instituição industrial tem os seus fins, que justificam os meios. O dogma do crescimento acelerado justifica a sacralização da produtividade industrial, à custa da convivialidade. A sociedade desenraizada de hoje aparece-nos, desde então, como um teatro da peste, um espectáculo de sombras produtoras de procuras e geradoras de carências. É apenas invertendo a lógica da instituição que se torna possível inverter o movimento.” (Ivan Illich, Tools for Conviviality, 1973)

Coragem não significa não ter medo, coragem significa que algo é mais importante que o medo. – Ambrose Red Moon

Por detrás da máscara de gelo que as pessoas usam existe um coração de fogo. (Paulo Coelho)

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto, com impotência, a uma sociedade perturbada e doente, em que a violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária de crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade vejo jovens infantilizados, incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. (Pedro Afonso, médico psiquiatra)

Ama - e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor.
Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos. (Santo Agostinho)

A vida não se deixa apanhar em meia dúzia de fórmulas. No fim de contas, é com isso que te ocupas constantemente e que te obriga a pensar de mais. Tentas capturar a vida em algumas fórmulas, mas tal não é possível, a vida tem infinitas “nuances” e não se deixa apanhar nem simplificar. Mas, por isso mesmo, tu podes ser simples. (Etty Hillesum, Diário 1941/1943)

(…) Se alguém quer ficar alguns dias, recebo-o, de bom grado. Alguns gostam imediatamente deste meu modo de viver, ao passo que outros, embora ambicionando-o, não resistem a mais de umas quantas horas. Na manhã seguinte, com os olhos orlados de sono e de inquietação, comunicam-me, repentinamente, compromissos inesperados, que os obrigam a partir.
É claro que sei que o seu único e verdadeiro compromisso é a ansiedade, aquela sensação de incerteza e de precariedade que nesta solidão os faz sentir, subitamente, estranhos à sua própria vida. De repente, vêem-se a si mesmos e como não sabem bem quem são sentem medo. Por isso, têm de voltar a correr lá para baixo, mergulhar na confusão e nos esquemas, têm de rir, de dançar, de fazer barulho com os outros, apagar aquele espectro que os persegue, com o olhar cheio de perguntas: Quem és? Vai-te embora! Não me desvies do atordoamento em que dissipo os meus dias. (Susanna Tamaro, Para Sempre)

"Vivemos num tempo de chantagem universal, que toma duas formas complementares de escárnio: há a chantagem da violência e a chantagem do entretenimento.
Uma e outra servem sempre para a mesma coisa: manter o homem simples longe do centro dos acontecimentos." (José Ortega y Gasset)

O que nos impede de experimentarmos o repouso, isto é, de estarmos em paz? (…) O que nos impede de estarmos inteiros, de estarmos inteiramente presentes na integridade do que somos? É o medo.

O que nos permite estarmos inteiros, estarmos inteiramente presentes na integridade do que somos, é o amor. O contrário do amor (…) não é, fundamentalmente, o ódio, e sim o medo. - Jean-Yves Leloup, Dos Medos do Eu ao Mergulho no Ser

“A ciência moderna tem desenvolvido meios eficazes que podiam resolver a maioria dos problemas urgentes do mundo actual – combater a maior parte das doenças, eliminar a fome e a pobreza, reduzir a quantidade de lixo industrial e substituir os combustíveis fósseis destrutivos por fontes renováveis de energia limpa. Os problemas que se atravessam no caminho não são de natureza económica ou tecnológica; as suas fontes mais profundas estão dentro da personalidade humana. Devido a eles, desperdiçaram-se recursos inimagináveis no absurdo da corrida ao armamento, na luta pelo poder e na busca de “crescimento ilimitado”. Impedem também uma distribuição mais apropriada da riqueza entre indivíduos e nações, bem como uma reorientação de interesses puramente económicos e políticos para prioridades ecológicas que são críticas para a sobrevivência da vida neste planeta.” (Stanislav Grof, A Psicologia do Futuro, Porto, Via Óptima, 2007, pp.316 e 331)




Nenhuma intervenção externa tem hipótese de criar um mundo melhor, a menos que esteja associada a uma transformação profunda da consciência humana.” (Stanislav Grof, A Psicologia do Futuro, Porto, Via Óptima, 2007, pp.316 e 331)

"Os anarquistas estão certos [...] na negação da ordem existente. [...] Erram somente em pensar que a anarquia possa ser instituída por uma revolução. Ela só vai ser instituída quando houver mais e mais pessoas que não exijam a protecção do poder público. [...] Só poderá haver uma revolução permanente se esta for uma revolução moral: a regeneração do homem interior." - Leon Tolstoi, A Anarquia (1900)

“[…] A doença realmente característica do Ocidente é a excessiva comunicação verbal. Somos simplesmente incapazes de detê-la, porque quando não estamos a falar a outras pessoas estamos obrigatoriamente a pensar, ou seja, a falar subvocalicamente a nós mesmos. A comunicação converteu-se num hábito nervoso e as culturas surpreendem-nos com algo misterioso e frustrante que não nos diz tudo de uma vez ou, pior ainda, que espera que compreendamos certas coisas sem dizê-las. Jamais esquecerei o artista japonês Hasegawa gritando de exasperação no final de um interminável interrogatório por parte dos seus alunos ocidentais: «O que se passa com vocês? Será que não sentem!?»” (Alan Watts - Nature. Man and Woman)

A nossa atitude perante a vida devia ser como a de Epícteto, expressa nesta imagem: “Quando somos convidados para um banquete, nós tomamos o que nos é servido. Se um hóspede pedir ao anfitrião que lhe dê peixe ou bolo doce será considerado um sujeito pouco razoável. Mas no mundo nós pedimos aos Deuses aquilo que eles não dão; e fazemos isso embora sejam muitas as coisas que eles nos deram”.

O mundo criou-se sobre emoções e também se pode recriar com emoções. Estas é que criam os pensamentos e, consequentemente, as acções. - José Cortes

Os teus interesses levam-te a distorcer o verdadeiro rosto da realidade. Fazes com que as coisas sejam, ao fim e ao cabo, como as desejas ou receias que elas sejam. Mas elas continuam a ser como são; só um ser puro as pode contemplar na sua originalidade essencial. Enquanto não o fores não verás em si mesmas as coisas e as pessoas; vê-las-ás através do medo que tens delas e da cobiça que elas te causam. Olharás para elas como quem se apossa delas ou como quem as afasta: em qualquer caso sempre de um modo muito deformado.
É inútil tentar; enquanto não deixares essa espécie de argola a que prendes como tuas todas as coisas não terás olhos límpidos para veres o mundo na sua virgindade primordial. (Ignacio Larrañaga, Do Sofrimento à Paz)

Sabemos que os problemas não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento que os criou. Como os nossos problemas se tornam cada vez mais complexos, mais interdependentes e mais globais, torna-se cada vez mais claro que precisamos encontrar toda uma nova dimensão de pensamento e de soluções a fim de enfrentar os grandes desafios do nosso tempo. Esta é a próxima fase. A próxima importante etapa da evolução humana. (Ken Wilber)

Ver o que é correcto e não fazê-lo é covardia. (Confúcio)

As pessoas iluminadas têm mais inimigos do que as não iluminadas, pois os cegos não perdoam a quem enxerga e os ignorantes não perdoam a quem sabe. Ser amigável, amoroso, autêntico, inocente é suficiente para disparar muitos egos contra si. (Osho)

Os verdadeiros Mestres espirituais esforçam-se por transmitir o seu imenso saber na linguagem mais fácil de compreender, num estilo quase vulgar. Não menosprezeis a forma voluntariamente simples do seu ensinamento; se procurais meios para trabalhar sobre vós mesmos e obter resultados que perdurarão eternamente, encontrá-los-eis graças a essa linguagem clara, acessível. Uma só frase muito simples que vós acolheis e aprofundais pela meditação trar-vos-á grandes esclarecimentos. (Omraam Mikhaël Aïvanhov)

“Depois de qualquer crise, seja corporal, psíquica, moral, seja interior e religiosa, o ser humano sai purificado, libertando forças para uma vida mais vigorosa e cheia de renovado sentido." (Leonardo Boff)

“Esquecemos a dimensão sagrada da vida. (…) A nossa dependência do materialismo pode ser vista como consequência directa de uma vida sem significado sagrado, onde a alegria se perdeu e o seu lugar foi ocupado pelo consumo compulsivo para satisfação de desejos.
Se as necessidades da nossa alma fossem satisfeitas, pelas trocas simples da vida diária, pelo cuidar dos outros, estaríamos tão infinitamente esfomeados de distrações superficiais? Os brinquedos do materialismo teriam tanto poder se a vida fosse mais profundamente gratificante? E quais são as implicações ecológicas da nossa busca desalmada de estímulos, desejos e distrações?” - Llewellyn Vaughan-Lee, Caring for a World with a Soul



A inteligência do coração

Descobriu-se que o coração contém um sistema nervoso independente e bem desenvolvido, com mais de 40 mil neurónios e uma completa e espessa rede de neurotransmissores, proteínas e células de apoio - o coração é inteligente.
Graças a esses circuitos tão elaborados, parece que o coração pode tomar decisões e passar à acção independentemente do cérebro; e que pode aprender, recordar e, inclusive, perceber.
(...) O coração envia mais informação ao cérebro do que recebe; é o único órgão do corpo com essa propriedade e pode inibir ou activar determinadas partes do cérebro segundo as circunstâncias. Significa que o coração pode influenciar a nossa maneira de pensar. Pode influenciar a percepção da realidade e, portanto, as nossas reacções.
(...) O campo electromagnético do coração é o mais potente de todos os órgãos do corpo: 5 mil vezes mais intenso que o do cérebro. E tem-se observado que muda em função do estado emocional. Quando temos medo, frustração ou stress, torna-se caótico. E organiza-se com as emoções positivas. Sabemos que o campo magnético do coração estende-se ao redor do corpo entre dois a quatro metros, ou seja, todos que estão ao nosso redor recebem a informação energética contida no nosso coração.
(...) O cérebro do coração activa no cérebro da cabeça centros superiores de percepção completamente novos, que interpretam a realidade sem se apoiar em experiências passadas. Este novo circuito não passa pelas velhas memórias, o seu conhecimento é imediato, instantâneo e, por isso, tem uma percepção exacta da realidade. - Annie Marquier, in Le Maître dans le Coeur
É doloroso ver os seres humanos, ignorantes da cada vez maior desertificação que afoga o espírito, entregues, exclusivamente, ao acumular de dinheiro e poder. (...) É doloroso ver homens e mulheres empenhados numa insensata carreira para a terra prometida do ganho, na qual tudo aquilo que os rodeia – a natureza, os objectos, os demais seres humanos – não desperta nenhum interesse. O olhar fixo no objectivo a alcançar já não permite entender a alegria dos pequenos gestos quotidianos, nem descobrir a beleza que palpita na nossa vida: num pôr-do-sol, num céu estrelado, na ternura de um beijo, no brotar de uma flor, no voo de uma borboleta, no sorriso de uma criança. Frequentemente, a beleza percebe-se melhor nas coisas mais simples. - Nuccio Ordine, La Utilidade de lo Inútil. Manifiesto, Barcelona, Acantilado, 2013, p.16.


O consumismo, que nada resolve emocionalmente, só aumenta a fome no mundo! Gastos desnecessários, comprar e comprar, para se jogar fora, antes mesmo de usar adequadamente ou nada.
(…) O aspecto mais destrutivo do consumismo pode ser a falta de significado que o indivíduo experimenta em relação à sua própria vida. Desanima após alcançar alguma meta desejada no mundo material. Percebe que a busca foi empreendida para preencher um sentimento de vazio interior, ao invés de constituir uma expressão criativa do espírito que emana do seu íntimo.(…) A doença progride, como um farol iluminando a insensatez com que o indivíduo encara a vida. Um sinal físico mostra o que ocorre nos níveis espiritual, mental e físico do indivíduo. - Dora van Gelder Kunz, Aspectos Espirituais das Artes de Curar, pág. 98 a 100
“Mudar a nossa visão do mundo não implica um optimismo ingénuo nem uma euforia artificial, para compensar as adversidades. Enquanto a insatisfação e a frustração, originadas pela confusão que reina na nossa mente, forem a nossa rotina diária, repetir constantemente "Eu sou feliz!" é um exercício tão fútil como pintar uma parede em ruínas. 
A busca da felicidade não consiste em ver a vida em cor-de-rosa ou ser cego ao sofrimento e às imperfeições do mundo.
A felicidade não é um estado de excitação, que devemos fazer perdurar a todo o custo, mas resulta da eliminação das toxinas mentais, o ódio e a obsessão, que, literalmente, envenenam a mente. Para isso, temos de obter uma melhor compreensão de como ela funciona e uma percepção mais correcta da realidade.” (Matthieu Ricard)

Um mestre espiri­tual autêntico é alguém que nos mos­tra aquilo que nós poderemos vir a ser. É al­guém que está em perfeita sintonia com aquilo que ensina. O mensageiro torna-se a mensagem. -Matthieu Ricard

O mal-estar, tal como o bem-estar, é essencialmente um estado interior. (…) Pode­mos ser muito infelizes quando, aparentemente, temos tudo para ser felizes e, ao contrário, sermos serenos na adversidade.- Matthieu Ricard

Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco. (Rousseau)

As pessoas viajam para admirar a altura das montanhas, as imensas ondas dos mares, o longo percurso dos rios, o vasto domínio do oceano, o movimento circular das estrelas, e no entanto passam por si mesmas sem se admirarem. (Santo Agostinho)

Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como nada há a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas a vida que as pessoas levam ou não levam até â sua morte. – Bukvski

Segundo um estudo, os psicólogos de Harvard acham que estamos todos preocupados em educar crianças inteligentes, para que tenham um futuro profissional brilhante, mas não estamos a educar os nossos filhos para serem boas pessoas.
(…) “É preciso desenvolver nas crianças a preocupação pelos outros, não só porque é o correcto, mas também porque sentir empatia e assumir a responsabilidade perante outros é uma grande ajuda no caminho para o sucesso e para a felicidade.”
“A beleza ideal está na simplicidade calma e serena.” (Goethe)

(…) Enquanto o fosso ecológico se baseia numa separação entre o eu e a natureza e o fosso social numa separação entre o eu e o outro, o fosso espiritual-cultural reflecte uma separação entre o eu e o Si, isto é, entre o nosso actual eu e o futuro Si emergente, que representa o nosso maior potencial. Este fosso manifesta-se em valores rapidamente crescentes de esgotamento e depressão, que representam o crescente abismo entre as nossas acções e quem nós realmente somos. De acordo com a World Health Organization (WHO), em 2000 morreram por suicídio mais do dobro das pessoas que morreram em guerras.
Os três fossos (espiritual-cultural, ecológico e socioeconómico) que compõem a superfície de sintomas (da crise) estão extremamente entrelaçados. Por exemplo, a perda de sentido da vida e do trabalho (o vazio interior) é frequentemente preenchido com mais consumo material (consumismo), o que aprofunda o fosso ecológico, por um maior esgotamento de recursos. A intensificação do fluxo da corrente de recursos naturais dos países em vias de desenvolvimento para os países desenvolvidos, e o fluxo das correntes de desperdício em sentido oposto, conduzem, por sua vez, a um aprofundamento do fosso social. Em resumo: vazio interior – consumismo – fosso ecológico – fosso social. - Otto Scharmer / Katrin Kaufer, Leading from the Emerging Future. From ego-system to eco-system economies, São Francisco, Berret-Koehler Publishers, 2013, p. 5 e 40

A diferença entre força e coragem
É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil.
É preciso ter força para se defender, mas é preciso coragem para baixar a guarda.
É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para se render.
É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para ter dúvida.
É preciso ter força para manter-se em forma, mas é preciso coragem para ficar de pé.
É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.
É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los.
É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar.
É preciso ter força para ficar sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio.
É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado.
É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para viver.
(Rosângela Aliberti)

Estamos todos cegos, de egocentrismo, desatenção, cobiça, aversão, indiferença e ansiedade. Quando é que compreenderemos que esta cegueira ou ignorância é a fonte de toda a violência, injustiça, desarmonia e sofrimento no mundo?
Não nos resta senão abrir as portas da compreensão e da compaixão por nós e pelos outros. (Reflexão de Alan Wallace, referida por Jack Kornfield em The Wise Heart, 2009, pp.22-23)

O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam. Mas para os que amam o tempo é eterno. (William Shakespeare)
Segundo a energia do termo, um milagre é uma coisa admirável. Neste caso, a ordem prodigiosa da natureza, a rotação de 100 milhões de globos ao redor de um milhão de sóis, a actividade da luz, a vida dos animais, constituem perpétuos milagres. (Voltaire)


A amizade é um contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. (…) Virtuosas porque os maus não buscam mais do que cúmplices, (…) os interesseiros reúnem sócios, os políticos congregam partidários. (…) Só os virtuosos possuem amigos. (Voltaire)

Neste cenário de todos os dias, e de um modo inteiramente inesperado (pois jamais havia sonhado com tal coisa), os meus olhos foram abertos e, pela primeira vez em toda a minha vida, tive um vislumbre da beleza extática da realidade.
(…) Não vi nenhuma coisa nova, mas vi todas as coisas habituais numa miraculosa luz nova – no que acredito ser a sua verdadeira luz. Vi, pela primeira vez, quão selvaticamente bela e jubilosa, para além de quaisquer palavras minhas para o descrever, é a totalidade da vida. Cada ser humano atravessando aquela varanda, cada pardal que voava, cada ramo oscilando ao vento, estava integrado e era parte do inteiro e louco êxtase de encanto, alegria, significância e embriaguez da vida.
(…) Toda a coisa viva diante de mim era extravagantemente bela e extravagantemente importante. E ao contemplar isso o meu coração fundiu-se e abandonou-me, num arrebatamento de amor e deleite.
(…) Vi o coração da realidade; testemunhei a verdade; vi a vida como ela realmente é – arrebatadora, extática, loucamente bela e cheia, até transbordar, de uma alegria selvagem e um valor indizível. Durante esses gloriosos momentos estava apaixonada por cada coisa viva diante de mim – as árvores ao vento, as pequenas aves a voar, as enfermeiras, os internados, as pessoas que iam e vinham. Não havia nada que estivesse vivo que não fosse um milagre. A minha própria alma fluiu para fora de mim, numa grande alegria. - Margaret Prescott Montague, Twenty Minutes of Reality. An experience with some illuminating letters concerning it, New York, E. P. Dutton & Company, s. d., pp.7-11.

Para julgar sobre as coisas grandes e elevadas é preciso uma alma equivalente, senão atribuímos-lhes o vício que é nosso. (Montaigne, Ensaios)
"Ensinar não é encher um vaso é acender um fogo" – Aristófanes

"O que se requer é uma nova criação imaginária de uma importância sem paralelo no passado, uma criação que metesse no centro da vida humana outras significações que não a expansão da produção e do consumo, que colocasse objectivos de vida diferentes que pudessem ser reconhecidos pelos seres humanos como valendo a pena. (...) Tal é a imensa dificuldade com que nos defrontamos. Deveríamos querer uma sociedade na qual os valores económicos cessaram de ser centrais (ou únicos), onde a economia esteja reposta no seu lugar como simples meio da vida humana e não como fim último, na qual se renuncie pois a esta corrida louca para um consumo sempre acrescido. Isso não é somente necessário para evitar a destruição definitiva do ambiente terrestre, mas também e sobretudo para sair da miséria psíquica e moral dos humanos contemporâneos." (Cornélius Castoriadis, La montée de l'insignificance. Les carrefours du labyrinthe IV, Paris, 1996, p. 96)

Posso, da minha parte, asseverar, com toda a decisão, que a negação da fé carece de toda a base científica.
A meu ver, jamais se encontrará uma verdadeira contradição entre a fé e a ciência.
- Millikan, grande físico americano (1868- 1953), prémio Nobel em 1923

As experiências das altas energias, das últimas décadas, mostraram-nos, do modo mais espantoso, a natureza dinâmica e continuamente mutável do mundo das partículas. A matéria revelou-se, nestas experiências, completamente mutável. Todas as partículas podem ser transformadas noutras; podem ser criadas a partir de energia e podem acabar em energia. Neste mundo, conceitos clássicos como "partícula elementar", "substância material" ou "objecto isolado" perderam o seu significado; todo o universo aparece como uma teia dinâmica de modelos de energia indissociáveis. (Fritjof Capra - O Tao da Física)

Ânsia ardente (“longing”). Conhecem a sensação. É aquela dor de sentir que algo vital está a faltar à nossa vida; uma sede profunda de mais. Mais sentido, mais conexão, mais energia – mais alguma coisa.
(…) As necessidades básicas há muito que foram satisfeitas. Aquilo pelo qual agora ansiamos é, de longe, mais intangível. Aquilo pelo qual ansiamos é amor.- Barbara Frederikson, Love. How our supreme emotion affects everything we feel, think, do and become, Nova Iorque, Hudson Street Press, 2013, pp.3-4.


O papel dos períodos de declínio é pôr uma civilização a nu, desmascará-la, despojá-la dos seus prestígios e da arrogância ligada às suas realizações. Ela poderá, assim, discernir o que valia e o que vale, o que havia de ilusório nos seus esforços e nas suas convulsões. Na medida em que se desapegar 
das ficções que asseguraram o seu renome, dará um passo considerável 
para o conhecimento, para a desilusão, para o despertar generalizado. - Emil Cioran, Écartèlement, 1979.




A natureza do homem nunca poderá ser compreendida, nem sequer parcialmente, através das ideias e dos métodos que os psicólogos e cientistas modernos, e as religiões populares, têm seguido. Todos eles operam a partir da vida física, e muitos deles acreditam que haja apenas uma vida. Eles registam e classificam muitos tipos de experiências, sem qualquer base firme sobre a qual colocar o seu pensamento, a sua razão, e assim nunca chegam a qualquer conclusão definida ou conhecimento real sobre o que é o ser humano, ou sobre os poderes que o ser humano pode ter. Robert Crosbie

O que é verdadeiro explica o que antes era um mistério. E como estamos rodeados de mistérios a verdade deve explicar todos eles. (Robert Crosbie)

A confiança é o ponto decisivo nas questões espirituais. A falta de confiança ao longo do caminho que buscamos trilhar leva à derrota de todo esforço aparentemente elevado.
Em qualquer lugar e situação, a confiança é a primeira condição para obter êxito. A confiança na Lei das nossas naturezas imortais, a confiança no facto de que a Justiça prevalece, a certeza da nossa capacidade de aprender, de crescer, de realizar o que desejamos e de encontrar resposta para todos os problemas são as qualidades por cuja ausência os estudantes sofrem e desistem, somando-se ao grupo cada vez maior dos “desiludidos” e chegando a uma morte espiritual, que é mais amarga e mais verdadeiramente sem vida do que a morte apenas física jamais foi ou poderia ser algum dia.
(...) A confiança não surge como resultado de crença ou de fé cega. Ela emerge de uma fé raciocinada. Surge de um estudo e de uma compreensão da filosofia e de uma rígida aplicação de ensinamentos éticos como um modo de vida. (J. Garrigues)


Toda a forma ocupada por qualquer ser é composta de vidas, cada uma delas passando por uma evolução própria, ajudada, impelida ou dificultada pela força da forma mais elevada de consciência que a gerou. Este universo é consciência ou espírito corporificados. - Robert Crosbie

Tudo o que o ser humano necessita saber, para se libertar, existe, pode ser partilhado e está disponível para todos. Basta desejá-lo e procurá-lo.
É preciso que haja uma mente aberta, um coração puro, um intelecto ardente, uma clara percepção espiritual para se poder encetar a caminhada. Enquanto estivermos centrados em nós mesmos, enquanto estivermos satisfeitos com o que sabemos e com o que temos, a grande mensagem não será para nós. Ela é para os famintos, os cansados, para aqueles que estão desejosos de conhecimento, para aqueles que vêem a absoluta escassez daquilo que foi colocado diante deles como conhecimento por parte daqueles que se apresentam como professores. Ela é para aqueles que não encontram uma explicação em parte alguma para os mistérios que nos rodeiam, que não conhecem a si mesmos, que não compreendem a si mesmos. Para eles, há um caminho; para eles há alimento mais do que suficiente. Robert Crosbie

De que modo é preservada a continuidade do conhecimento adquirido através da observação e da experiência de uma reencarnação para a outra? De que modo a individualidade é mantida como tal?
(...) Cada um tem um corpo de substância mais subtil, de natureza interna, que é o real recipiente do indivíduo. Toda a experiência está nesse corpo de matéria primordial. O nosso nascimento ocorre dentro desse corpo. Tudo o que nos ocorre está dentro dele. (...) Nele, o indivíduo vive, se move e tem o seu ser, e mesmo a grande glória e delicadeza desse corpo é apenas a veste mais elevada da alma. (Investigando a Dimensão Imortal da Consciência - Robert Crosbie)


O grande propósito da natureza é a evolução da alma, em função do qual existe todo o Universo. (Robert Crosbie)


A sua resistência à mudança é o medo da morte do que você pensa que é. Na verdade, a mudança destrói quem você não é, de modo que você possa emergir. P. Renge

"O poder da palavra é enorme. Ela é um factor vivo, que salva ou condena, ilumina ou causa escuridão, faz adoecer ou cura e dá esperança, conforme a intenção e a intensidade com que seja dita. A intenção magnetiza a palavra. O pensamento correcto leva à palavra e à acção correctas, e disto surge a felicidade interior." (desconhecido)

Quando tens a coragem de fazer o que os outros não fazem, tens na vida o que os outros não têm. (desconhecido)


Travessia 
Vive sem pressa, mas intensamente, como o clarão vermelho do sol a pôr-se no mar.
Ama o mais que puderes.
Não te lamentes nem cultives a amargura.
Colhe cada momento como uma flor exótica e não te esqueças de a acarinhar.
Aceita quando não puderes recusar, mas mantém intacto o teu direito à indignação; há sempre outros menos afortunados do que tu.
Luta quando a verdade e o bem forem escorraçados ou poluídos.
Não te esqueças que por todo o lado há quem precise de ti e da tua voz para se fazer ouvir.
Quando chegar a hora da partida faz a travessia sem temor nem arrependimentos vãos. E sabes porquê? Porque do lado de lá tudo continua, e os momentos sucedem-se até ao infinito, em planos e mundos superiores mais belos, que tu e eu desconhecemos, mas que existem. Não te sei explicar como nem porquê. A nossa linguagem de meros caminhantes não tem palavras para o indizível e o absoluto. (desconhecido)

A vida é uma aventura, mas só para quem consegue viver dentro de si próprio. Até pode ir aos outros, pode sair de si de vez em quando, mas tem de voltar, tem de saber voltar. E, fundamentalmente, tem de gostar de voltar. Dentro de ti é que está a verdade. (desconhecido)

Quando, na vida, uma porta se fecha para nós há sempre outra que se abre. Em geral, porém, olhamos com tanto pesar e ressentimento para a porta fechada que não nos apercebemos da outra que se abriu. (desconhecido)

Que a nossa vontade de ser feliz seja maior que o nosso medo.
A vida é para quem é corajoso o suficiente para arriscar e humilde o bastante para aprender.
(desconhecido)

Talvez seja errado pensar que o amor, em si mesmo, produz felicidade. Na verdade, o amor produz altruísmo. A prática do altruísmo é que produz felicidade. Em quaisquer relações humanas, quando cada um se preocupa com a satisfação das necessidades do outro, há plenitude e bem-estar. Por outro lado, a ausência de amor e solidariedade é uma desgraça porque torna as pessoas egoístas, e o egoísmo produz infelicidade. Esta é uma lei que opera em todos os níveis de consciência, do mais alto ao mais baixo. Por isso, por exemplo, o homem sexualmente maduro encontra prazer sobretudo em dar prazer à mulher amada, e o facto é recíproco.
O indivíduo humano mais feliz não é aquele que é mais amado, mas aquele que ama mais. (desconhecido)


A inteligência sem amor faz-te perverso.
A justiça sem amor faz-te implacável.
A diplomacia sem amor faz-te hipócrita.
O êxito sem amor faz-te arrogante.
A riqueza sem amor faz-te avaro.
A docilidade sem amor faz-te servil.
A pobreza sem amor faz-te orgulhoso.
A beleza sem amor faz-te ridículo.
A autoridade sem amor faz-te tirano.
O trabalho sem amor faz-te escravo.
A simplicidade sem amor deprecia-te.
A oração sem amor faz-te introvertido.
A lei sem amor escraviza-te.
A política sem amor deixa-te egoísta.
A fé sem amor deixa-te fanático.
A cruz sem amor converte-se em tortura.
A vida sem amor não tem sentido.
(desconhecido)

“Quem sabe pode muito, quem ama pode mais.” (desconhecido)

Não há nada de errado em desejar ser feliz. Procurar a felicidade não é um acto egocêntrico, é um acto perfeitamente legítimo. O erro reside somente se colocarmos a responsabilidade pela nossa felicidade nas mãos de outrem.
A sua felicidade é unicamente problema seu e de mais ninguém. Muitas pessoas partem da premissa errada que os outros (os cônjuges ou os pais, por exemplo) deveriam fazê-los felizes. (…) A felicidade vem sempre do nosso interior, da nossa capacidade de apreender o mundo e da atitude que assumimos perante os desafios com que nos deparamos. (desconhecido)

Tudo no universo é electromagnético: a evolução das galáxias, a vida das borboletas, a formação da chuva no céu, as batidas de um coração, o funcionamento do sistema solar e os impulsos entre neurónios de um cérebro humano. O fluxo da vida dá-se por processos eléctricos e magnéticos de transmissão de vontades definidas em torno de polaridades expansivas e receptivas, positivas e negativas, ou yang e yin, nos termos da tradição chinesa. A chave do bem-estar consiste em harmonizar essas correntes eléctricas. (desconhecido)

"Temos que fazer o indivíduo existir fora dos valores do mercado. O indivíduo do estalinismo foi dissolvido na massa do colectivismo; o indivíduo do nazismo e do fascismo foi dissolvido na raça; o indivíduo do liberalismo foi dissolvido no egoísmo. O indivíduo liberal é um escravo das suas paixões e das suas pulsões. Devemos elevar-nos desse caminho sem saída liberal para recriar um indivíduo aberto ao outro, capaz de realizar-se totalmente.” (desconhecido)